Arquivo | julho, 2010

seiscentos e sessenta e seis

26 jul

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…

Quando se vê, já é 6ª feira…

Quando se vê, passaram 60 anos…

Agora, é tarde demais para ser reprovado…

E se me desse – um dia – outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio.

seguia sempre, sempre em frente.

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Mário Quintana

a sagrada desistência

19 jul

“… existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o premio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolhas. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta é a gloria própria de minha condição. A desistência é uma revelação.”

Clarice Lispector

I feel butterflies

12 jul

prata, doré e grafite, seda para bordados, algodão para crochê, madeiras...

 

Antônio Cícero

5 jul

Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
(…)